15 de novembro de 2009


A CPI da Pedofilia reiniciou os trabalhos nesta sexta-feira (13)

A CPI da Pedofilia reiniciou os trabalhos nesta sexta-feira (13), na cidade de Açailândia, ouvindo o lavrador Sebastião Araújo, acusado de abusar sexualmente de sua neta de oito anos.

A denúncia foi encaminhada à Comissão pelo Conselho Tutelar, que foi a primeira entidade a ouvir a mãe da menina, Rosemeire Araújo, de 28 anos, que também acusa Sebastião de ter abusado sexualmente dela dos 9 aos 13 anos.

Conduzem os trabalhos, a deputada Eliziane Gama (PPS), Penaldon Jorge (PSC), Domingos Paz (PSB) e João Batista (PP).

Sebastião Araújo foi depor na CPI algemado. Ele se encontra preso há dois meses, sob acusação de ter abusado sexualmente da neta. Perante os deputados, ele negou o abuso, assim como negou à delegada Noeme Maciel, que conduziu o inquérito. Disse que tudo não passa de uma grande mentira inventada pela sua filha para ficar dona da sua casa.

Além de Sebastião Araújo, prestaram informações à CPI a assistente social Veranice Pereira de Carvalho, membro do Conselho Tutelar de Açailândia, e Maria Jose da Silva Alves, esposa de Sebastião.

Rosemeire e a filha, que um dia antes se comprometeram a depor na CPI, viajaram hoje de madrugada para outro municipio. O depoimento das duas seria importante ao trabalho da comissão sobre o caso.

Veranice Carvalho informou que recebeu a denúncia de Rosemeire, mãe da menina, de que havia constatado que a filha de oito anos apresentava sinais de abuso sexual e que o autor seria o próprio avô. Quando fez a denúncia ao Conselho, Rosemeire informou que também havia sido vítima de abuso pelo pai, dos 9 aos 13 anos, tendo que sair de casa com esta idade para se livrar das maldades praticadas por Sebastião.

Na fase de in

quérito, foi constatado por meio de exame médico que a criança realmente apresentava lesões na região externa da vagina, provavelmente causadas por unhas e dedos, mas que não sofrera rompimento do hímen. A menina depôs à delegada Noeme Maciel Maia e contou detalhes de tudo o que o avô a submetia quando estavam sozinhos em casa.

Rosemeire também afirmou perante a representante do Conselho Tutelar que uma irmã sua, enteada de Sebastião, que apresenta problemas psicológicos, também foi abusada sexualmente pelo acusado durante a infância. A CPI vai solicitar exame de DNA para saber se os dois filhos da irmã de Rosemeire, que moram na casa de Sebastião, são frutos dos sucessivos estupros que a moça teria sofrido do pai.

O depoimento de Maria José Silva Alves, mulher de Sebastião, teve que ser interrompido na manhã de hoje porque a depoente passou mal, tendo que ser levada a um hospital da cidade. Durante os poucos minutos que respondeu aos questionamentos dos deputados, Maria negou que tivesse presenciado qualquer ato de abuso sexual de seu marido contra sua neta ou filhas.

Maria, que também é lavradora, confirmou que está vendendo a única casa da família por R$ 35.000,00 para sustentar a sua família, já que o marido está preso. Com a parte do imóvel que cabe a Sebastião, este deverá pagar um advogado para que consiga ser libertado. “Ele vai viver a vida dele e eu a minha”, disse Maria.

Ao ser questionada pelos deputados se achava correto que o possível estuprador de suas filhas e neta, a quem já teria inclusive ameaçado com um revólver, fosse libertado, Maria caiu em prantos e começou a passar mal, sendo retirada da sessão.

A situação dramática de denúncia de abuso sexual infantil vivenciada por uma das inúmeras famílias pobres de Açailândia emocionou a plateia que lotou a Câmara Municipal e os membros da CPI. O deputado João Batista disse que o problema ali mostrado é o retrato do abandono social e da desestruturação familiar.

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